Este titulo é o refrão de uma canção de Anna Nalik, que eu ultimamente estou sempre a ouvir.
Hoje, no final da conferencia, o (único) ponente, que é o actual presidente da Associação Americana de Cardiología (apesar de ser catalão é o chefe de Cardiología do H. Monte Sinai, NY -
it's a long story), falou na importancia da juventude, e de estarmos motivados. Disse que em Espanha somos gente brilhante, mas passiva, e que perdemos oportunidades por ser assim. Que podemos fazer tudo o que quisermos, disse, nesta época da nossa vida. Que temos um poder imenso, que todas as portas se nos abrem, simplesmente por sermos jovens. E que ele agora, aos 65 anos que tem, se dedica a ensinar e a motivar os mais novos, porque crê que isso é o que realmente importa.
É um senhor amável, correcto, discreto, nem parece cardiologista.
E conto-te isto porque saí daí impressionada. Que parecia que estava a falar para mim, mas não para mim actualmente, mas para mim quando tinha 15 anos e pensava que o mundo não tinha escala ou limites.
E senti que me acomodei todos estes anos, que me sentei à sombra pensando que tinha chegado topo cedo demais. Que a especialidade em Cardiología era o meu
happy ending.
E fiz um mestrado para que o córtex cerebral não se atrofiara, escrevo papers para que médicos velhinhos possam dormir tranquilos e faço mil bancos para esquecer a pessoa que mais se parece comigo no mundo (depois de ti). Tudo certo, pelas razões erradas.
E aí acordei, foi como um choque eléctrico. Estava tão estupefacta, que nesse momento quis trabalhar com ele em NY, quis que me orientasse um doutoramento bem feito em Columbia, e não o vi nada disso impossível. Queria mais.
E chego a casa e descubro que a pessoa mas parecida comigo no mundo foi a Madrid trabalhar exactamente com ele (tem um centro de investigação lá, que eu desconhecia totalmente). E todos estes meses pensando que ideia mais idiota, ir a Madrid rotar - e afinal, realmente, há mesmo alguém mais esperto que eu.
Não digo isto para que penses que vou a Madrid, nem pensar nisso, tentarei obviamente Londres, ou EUA... Digo porque descubri que há gente como eu que não se acomodou.
E digo principalmente para reforçar a ideia que, gente como nós, se não encontra o seu caminho num determinado
time and place... pode sempre começar outra vida. Já vivemos mil e ainda não temos 30 anos, uma nova que mais dá? Como diz a canção Anna Nalik.
Este senhor disse-nos hoje que nada do que tem na vida foi-lhe dado facilmente (a sério, parecia mesmo a mãe). E se calhar tem mesmo de ser assim.
Espero honestamente que a frustração ou o cansaço não nos impeçam de seguir tentando... e espero que, se algum dos dois nos ganham... que apareça alguém arrojado, com ideias novas, que nos ponha
back on the right track, como me aconteceu a mim hoje.
Ele explicou-nos que as pessoas mais importantes na sua vida foram os seus mentores, já que 80% das coisas que fez foi porque outros lhe disseram que tinha de as fazer. Um dos seus mentores, diz ele, tem a nossa idade. Nós as duas,
let's face it, nunca tivemos mentores de jeito... mas pelo menos temo-nos uma à outra. É um começo.
"Enjoy the power and beauty of your youth; oh nevermind; you will not understand the power and beauty of your youth until they have faded. But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself and recall in a way you can’t grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked. You're not as fat as you imagine."
Baz Lurham's - Everyone's free (to wear sunscreen):