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Estou sentada no chão da minha casa sem mobília á espera do carro que me leve para a ilha onde se anda ao contrário. Despedi-me de todos. Está tudo empacotado. A viagem está planeada ao milímetro (ou inch...). O que penso sentada no chão? O quanto eu vou sentir falta da minha rua. É lindíssima, verde, com vista para o canal, tão perto do centro que oiço o mayor gritar quando está chateado com a rainha...
Deve parecer ridículo, não deve? Aqui está uma pessoa pronta a embarcar numa aventura sem pára-quedas (leia-se sem dinheiro, casa e bicicleta!) e triste pela rua que vai deixar! E não é apenas a rua. São os sentimentos que vinham com a minha rua. O alivio de chegar ao meu prédio quando tento equilibrar na minha bicicleta 3 móveis do IKEA. O alívio de ver a minha porta quando pedalo em sentido contrário só para não andar dois minutos a pé (e a polícia não anda longe). O alívio de saber o caminho nesta cidade enquadrada por canais e pontes (e a satisfação secreta de ver o desnorte de quem me vem visitar e não se consegue orientar).
Enfim, em jeito de despedida, brindo á minha rua nas (ligeiramente alteradas) palavras de Camané:
Fui á rua onde vivia, vi a minha luz acesa, entrei num bar e bebi.
Paguei a conta de dois.
Beijo para Barcelona, que, se a conheço bem, deve estar em pulgas porque não vem procurar casas comigo em Cambridge. Gostava que estivesses aqui para o primeiro chá...
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