Por causa da multiculturalidade do meu novo trabalho, e porque quando acabar o projecto vou ter quase tantos anos "cá fora como lá dentro", sou obrigada quase diariamente a discutir o conceito de pátria.
Nao sou catalã, por supuesto, mas muitas das sua ideias e manias foram-se incorporando na minha pessoa. Como dizia Fernando Pessoa da Coca-Cola, "primeiro estranha-se e depois entranha-se", o mesmo se passou comigo, e hoje sou levada a defender algumas coisas que os meus colegas, acabados de chegar e deparados com o catalão, as diferenças culturais com Madrid, o pan-amb-tomaquet, etc, não conseguem entender e, dando o passo natural seguinte, chateiam-se. Consigo perceber a sua perspectiva, eu já fui assim aos 19 anos, acabadinha de chegar e com uma tweeny a 1200km, mas cresci, vi o que tinha a ganhar se me mantivesse open-minded - fui incorporando as novidades que me agradavam e fui tentando entender aquilo com que discordava. Hoje tenho a minha própria opinião formada, não é boa nem má, mas é pouco susceptivel às novas perspectivas de alguns dos meus colegas que, sabendo-me estrangeira, acham que partilho. Não é que seja senhora da verdade, sou é demasiado velha para estas novas andanças, até porque posso afirmar que escolhi estar aqui neste momento da minha vida (bem ou mal, o tempo o dirá). E seria um pouco ingrato rebeliar-me contra a terra que me deu a oportunidade de fazer tudo que me deu na real gana nestes ultimos 7 anos (curso, bolsa de trabalho...) e onde tenho amigos que me levaram ao colo em muitas alturas. Não sei. Não sou catalã, mas também já não sou estrangeira neste pais, o que me faz não pertencer a nenhuma equipa - sinto-me um pouco "lost in translation". Não digo isto para me queixar, digo isto to prove a point.
Sou portuguesa claro. Sou portuguesa porque partilho com os portugueses algo tao importante como a educação, o património cultural, a lingua, o fado, os ditados populares, o humor negro, os desenhos animados da RTP1, os livros da Alice Vieira, etc... e isto, parecendo que não, é um laço que não quebra. Tenho em Portugal o meu cantinho, "una playa y un pueblo que me acompañan de noche cuando no estás junto a mi...". Mas, por muito portuguesa que seja, já Portugal também me sobra um pouco, porque vi outras coisas, experimentei, incorporei... e mudei. Já só Portugal não me chega.
E voltamos à pergunta inicial: onde está a tua pátria?
Acho importante saber de onde vêem as pessoas. E não para separá-las por blocos, mas para entender. Tenho a experiencia de que, durante os primeiros dias em todos os departamentos, eu sou "a portuguesa", mas que isso não quer dizer nada, não faz mal. Porque sei que, uns dias mais tarde, quer seja pelo meu trabalho, o meu humor negro ou outra coisa qulaquer, eu vou passar a ser conhecida pelo meu nome próprio. Definitivamente. E isso conquista-se e tem um saborzinho a chocolate belga. E por isso nao me envergonho ou orgulho-me exageradamente de onde venho, porque "sou mais que isso".
Mas que é importante saber de onde partes, isso é - porque quer queiras quer não a cultura traças as linhas das fundações sobre as quais nos vamos erguer. E porque para mim é mais fácil entender diferenças culturais que perdoar defeitos de educação. Explico: aceito naturalmente que temos distintas perspectivas porque temos distintos backrounds (os power rangers não chegaram a todas as partes), mas resulta-me fisicamente impossível aceitar a malformação de base. Por isso, falando com um colego meu que opinava que nao nos podiamos definir pelo nosso pais de origem, eu respondia que tudo isso era verdade, mas que não nos podíamos esquecer do nosso ponto de partida, porque isso explicava muito acerca de quem éramos. E ainda bem que assim é. Se eu nao pudesse culpar a alma portuguesa pelo meu saudosismo e pouco habilidade prática, estava bem lixada.
E voltando à pátria... deixo-te diferentes perspectivas:
Numa noticia da Vanguardia, que também não posso aportar (grrr... espera só até eu ter assinatura e ter acesso à ediçao completa online!) um investor de Sillicone Valley dizia que eram os imigrantes quem mais facilmente aportavam investimento ao seu país de acolhida porque, nao estando viciados pela cultura e educaçao, conseguiam perceber mais facilmente de que é que o país necessitava. Esta era a forma como ele entendia o conceito de pátria, alguém que fazia algo pelo país, mesmo que nao fosse originariamente o seu.
Por outro lado um professor de Oxford (essa noticia tenho guardada para te mostrar hehehe) teoriza que somos responsáveis por tudo o que os nossos antepassados fizeram, pelo que deveriamos ir tentando corregir com a nossa vida os erros da história, and make emends for all that can be traced to our godfathers. Essa é a sua pátria.
E qual é a nossa? Ou, melhor, qual é a minha?
No meio destas andanças, não sei. Acho que a minha pátria não é nada físico, ou até é: a aldeia com 20 casas e um sino cada quarto de hora (ainda que não saiba quanto tempo mais me resta por lá), o fado da Mariza e do Camané, a lareira, o oceano Atlântico, a Grande Noite, o pai e mãe sem falhar à espera no aeroporto, a sopa de agriões com feijão da avó, a Vanguardia, as stroopwafels, o Skype, a paella de marisco, a Estació de Sants, os waffles da Australian com a tia e os miúdos, a RFM, os bagels de sementes do supermercado da tua rua, o teu sotão em Delft, a ópera de Amsterdam em alemão, sei lá...
Podes pensar que estou a delirar totalmente, mas lembrei-me de tudo isto porque pensava na facilidade que era explicar a confusao da minha cabeça neste pequeno blog. Acho que, acima de tudo, tenho de concordar com Fernando Pessoa: a minha pátria é a lingua portuguesa. E por isso as minhas amigas dizem que pareço outra pessoa quando falo português. E por isso odeio o acordo ortográfico.
A minha pátria é a lingua portuguesa. E és tu, por supuesto :)
PS: vaya rollo t'he fotut!
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
Your Vichisoise...
(se descubrires o porquê do titulo, the next bagles are on me )
Hoje saiu na Vanguardia o ranking "The World's Best Countries" da revista norte-americana Neewsweek , onde afirma que a Suecia é o 3º país melhor para se viver no mundo. Tinha, entre outros atributos, o 3º melhor sistema de saúde do mundo (exequo com Espanha, que no resto dos parametros avaliados - educação, dinâmica politica e económica etc - perdia muitíssimo terreno...), o 8º na educacão, o 1º em political environment and so on...
Aqui te deixo o link:
http://www.newsweek.com/2010/08/15/interactive-infographic-of-the-worlds-best-countries.html
Se não consegues abrir, vai à página inicial:
http://www.newsweek.com/feature/2010/the-world-s-best-countries.html
PS: A ironia? Que seja uma revista americana (ou seja, mais republicana que tu) a dar-te razão. Payback is a b****.
(agora é que nosso blog tem mesmo de ficar entre nós...ups!)
Hoje saiu na Vanguardia o ranking "The World's Best Countries" da revista norte-americana Neewsweek , onde afirma que a Suecia é o 3º país melhor para se viver no mundo. Tinha, entre outros atributos, o 3º melhor sistema de saúde do mundo (exequo com Espanha, que no resto dos parametros avaliados - educação, dinâmica politica e económica etc - perdia muitíssimo terreno...), o 8º na educacão, o 1º em political environment and so on...
Aqui te deixo o link:
http://www.newsweek.com/2010/08/15/interactive-infographic-of-the-worlds-best-countries.html
Se não consegues abrir, vai à página inicial:
http://www.newsweek.com/feature/2010/the-world-s-best-countries.html
PS: A ironia? Que seja uma revista americana (ou seja, mais republicana que tu) a dar-te razão. Payback is a b****.
(agora é que nosso blog tem mesmo de ficar entre nós...ups!)
Pois
Pois, nisso tens razão. Neste momento para fazer jornalismo, a imparcialidade já não é requerimento. Mas vê por outra perspectiva, até que ponto não somos condicionados (à boa maneira Pavloviana), mesmo nas pequenas coisas a vida? Na outra semana saía um articulo na Vanguardia (e que agora não consigo encontrar na versão online porque são uns chulos capitalistas que pedem $ para tudo), onde explicava que até nas nossas pesquisas no Google, existe uma hidden agenda. O jornalista dava o exemplo de que, ao pesquisar "rights" no Google, a ordem pela qual saíam resultados como "human rights", "state-of-law rights", ou "animal rights" variavam segundo a lingua do buscador- e em alguns paises os termos "women / children rights" nem apareciam! Que algumas noticias muito mediáticas deixavam de aparecer simplesmente de um dia para o outro - puff! - para um dia reaparecerem no topo dos resultado sem lógica aparente. Não é teoria da conspiração, é mesmo assim...
Não sei, às vezes que parece que deixámos de pensar por nós próprios, e que pagamos a gente que o faça por nós... e depois saiem discussões como as da praia... em que os detentores das (so-called) expert opinions nao conseguem conceber que o "daily routine" de uma pessoa normal ainda conte para algo. Principalmente se for para discordar deste profissionais-do-pensamento-illuminatti, que não fazem outra coisa da vida senão teorizar sobre o povinho pateta, fácil de conduzir e cego perante a magnitude da sua ignorancia. E agora pergunto eu... e quem nos ensina a pensar? - sim, porque ninguém nasceu ensinado, ou com um Sócrates grego na sua adolescencia... pelo que só posso deduzir que a educação das massas devia ser responsabilidade do (bom) jornalismo, e de outras profissoes igualmente letradas.
Buff, estou farta...
Não gostei do filme Australia, mas a punchline ficou na minha cabeça:
"Just because it is, doesn't mean it should be"
Não sei, às vezes que parece que deixámos de pensar por nós próprios, e que pagamos a gente que o faça por nós... e depois saiem discussões como as da praia... em que os detentores das (so-called) expert opinions nao conseguem conceber que o "daily routine" de uma pessoa normal ainda conte para algo. Principalmente se for para discordar deste profissionais-do-pensamento-illuminatti, que não fazem outra coisa da vida senão teorizar sobre o povinho pateta, fácil de conduzir e cego perante a magnitude da sua ignorancia. E agora pergunto eu... e quem nos ensina a pensar? - sim, porque ninguém nasceu ensinado, ou com um Sócrates grego na sua adolescencia... pelo que só posso deduzir que a educação das massas devia ser responsabilidade do (bom) jornalismo, e de outras profissoes igualmente letradas.
Buff, estou farta...
Não gostei do filme Australia, mas a punchline ficou na minha cabeça:
"Just because it is, doesn't mean it should be"
Imparcialidade
Acho que hoje em dia a imparcialidade não é um requerimento: nas últimas eleições - David Cameron vs. Gordon Brown - a maior parte dos jornais (Time, FT, Guardian,...) tomava partido imediato e publicamente admitido. Liam-se nas primeiras frases do editorial 'In this magazine's opinion …. is clearly the most advantageous to the country', ou afirmações semelhantes. Os artigos seguintes seguiam naturalmente as tendências manifestadas no editorial.
Talvez não seja de esperar imparcialidade a um jornalista - apenas isenção e gravidade na descrição de factos. E são duas as questões que se impõem: são os factos apresentados no seu total, rigorosamente, ou selectivamente revelados para o fim desejado? Como são geridas as participações de jornalistas da redacção que não manifestam necessariamente a perspectiva do editor?
Não sei.
Mas nas palavras de uma canção famosa (Bruce Hornsby?):
'That's just the way it is
Some things will never change
That's just the way it is
Ah, but don't you believe them'
Some things will never change
That's just the way it is
Ah, but don't you believe them'
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Your opinion, what is that? It's just a different point of view...
Ultimamente tem havido uma discussão no blog "Bordado Ingles", blog convidado do Publico e que sigo mostly because of you, sobre a objectividade no Jornalismo, defendendo a escritora que é impossível a objectividade total, já que os jornalistas são seres humanos:
http://bordadoingles.blogspot.com/2010/08/os-jornalistas-sao-subjectivos-porque.html
(Tens the full webpage do blog nos feeds).
Não consigo estar de acordo, principalmente pela crença enraizada que tenho (talvez porque foi esse o conceito que me ensinaram na escola) que o jornalismo por definição deve ser objectivo, e depois cada um é responsável por tirar as suas próprias conclusões (se tiver para se dar ao trabalho, é claro). Habituada ao jornalismo espanhol, muito mais opinoso que o português, às vezes para mim é dificil saber se realmente posso acreditar no que leio, por mais imparcial que julgue a fonte (a tagline de La Vanguardia no ano 2001 era "No somos responsables por su opinión, pero si que tenga alguna", o que vim a confirmar nestes ultimos anos que nem sempre é certo).
Enfim, tudo isto para dizer que nos últimos tempos ando cansada do jornalismo cínico e opinoso, cuja máxima expressão vi no Finantial Times na última London trip (sorry!).
Ainda sobre este tema, também no "Bordado Ingles" apareceu um post interessante: um comediante britanico resolveu colar etiquetas em jornais alertando para as noticias viciosas. Aqui te deixo a sua página, alguns exemplos e a respectiva "versão-portuguesa-herbert-richard":
http://www.tomscott.com/warnings/
http://bordadoingles.blogspot.com/2010/08/os-jornalistas-sao-subjectivos-porque.html
(Tens the full webpage do blog nos feeds).
Não consigo estar de acordo, principalmente pela crença enraizada que tenho (talvez porque foi esse o conceito que me ensinaram na escola) que o jornalismo por definição deve ser objectivo, e depois cada um é responsável por tirar as suas próprias conclusões (se tiver para se dar ao trabalho, é claro). Habituada ao jornalismo espanhol, muito mais opinoso que o português, às vezes para mim é dificil saber se realmente posso acreditar no que leio, por mais imparcial que julgue a fonte (a tagline de La Vanguardia no ano 2001 era "No somos responsables por su opinión, pero si que tenga alguna", o que vim a confirmar nestes ultimos anos que nem sempre é certo).
Enfim, tudo isto para dizer que nos últimos tempos ando cansada do jornalismo cínico e opinoso, cuja máxima expressão vi no Finantial Times na última London trip (sorry!).
Ainda sobre este tema, também no "Bordado Ingles" apareceu um post interessante: um comediante britanico resolveu colar etiquetas em jornais alertando para as noticias viciosas. Aqui te deixo a sua página, alguns exemplos e a respectiva "versão-portuguesa-herbert-richard":
http://www.tomscott.com/warnings/
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sábado, 21 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Gadgets are a girls's best friend
Compra! Na internet sai-te mais barato, mas se acontece alguma coisa não sei bem a quem envias para reparação. Se calhar mais vale dares uns tostões para teres alguém com quem gritar....
Não preciso para mim, acabei de comprar o Time Machine da Apple que já me levou meio ordenado.
Beijinhos
terça-feira, 17 de agosto de 2010
I buy tech gadgets, therefore I am
Ok, estou deprimida. Deep deep. A unica forma de me animar é procurar um novo disco externo, com muita capacidade e barato... Humor me, please.
Vi este, o que é que tu achas? Diz-m eo que achas: se é fiável comprá-lo online, por causa da garantia, do preço, etc... não sei, aqui custa 150 euros... Ou achas que encontras mais barato nalguma loja perdida em Londres? Vou ter de deixá-lo contigo alguns dias na mesma, porque tens quase tudo o que perdi, assim que mais vale comprar aí se o preço compensa.
Então? Que achas? And, more important, don't you want one as well?
PS: devíamos saber que comprar discos externos no seven eleven não compensa...
domingo, 8 de agosto de 2010
Let's make it personal!
Na busca da Nespresso ideal, encontrei este site, que é português. O projecto chama-se Colantes, e convida-te a personalizar as tuas coisas (Bimby, máquina Nespresso, paredes...), com autocolantes! A loja oficial está em Lx mas também se pode comprar online. Tem coisas giras, e pelo menos marca pela diferença - não temos de ser todos iguais, lol!
Quando formos a Lisboa, temos de lá dar outro saltinho...
Deixo-te aqui o site oficial e as páginas dos artigos referentes à nespresso.
Home Page: http://home.colantes.com/loja/
Página Nespresso: http://home.colantes.com/loja/index.php?main_page=index&cPath=25&zenid=f280680cb2c3f3b24adb598b9c3274a9
Página da tua coffee machine: http://home.colantes.com/loja/index.php?main_page=index&cPath=25_26
For example:

Quando formos a Lisboa, temos de lá dar outro saltinho...
Deixo-te aqui o site oficial e as páginas dos artigos referentes à nespresso.
Home Page: http://home.colantes.com/loja/
Página Nespresso: http://home.colantes.com/loja/index.php?main_page=index&cPath=25&zenid=f280680cb2c3f3b24adb598b9c3274a9
Página da tua coffee machine: http://home.colantes.com/loja/index.php?main_page=index&cPath=25_26
For example:
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Le Cool
Quando vos visitei tinham aí um livro que se chamava "Le cool - A Weird and Wonderful Guide to London". Já tinha visto um sobre Barcelona há muito tempo, um numa loja perdida perto da minha academia do MIR, e hoje voltei lá - mas está esgotado, vai ser lançada uma nova edição em 2010. Mesmo assim descubri que existe um magazine semanal (tipo agenda cultural) no mesmo estilo, e acho que vale a pena dares uma olhadela ao de Londres, pode ser que tenha alguma sugerencia fixe.
sábado, 7 de agosto de 2010
T-Shirts
Estava a ver uma T-shirt usada pelo Nuno Markl num website que dizia "Vamos lá despachar isto que hoje ainda tenho que mudar fraldas". Fiz uma pesquisa na net e são feitas na loja do Cão Azul (www.caoazul.com). Quando formos a Portugal temos mesmo de lá dar um saltinho, mas entretanto aqui ficam duas sugestões deles que achei espectaculares.
Beijinhos
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