domingo, 24 de junho de 2012
Spanish for everyone
quinta-feira, 21 de junho de 2012
Se não tivesse sido eu, tinhas sido tu!
"Se o resgate é isto, prefiro o sequestro
Quinta feira, 21 de Junho de 2012
|
No dia 13 de Abril de 2011, uma comissão do Senado americano encarregada de investigar a causa da crise financeira, apresentou um relatório no qual concluía que os responsáveis pela catástrofe eram duas pessoas: o leitor e eu. Por desatenção ou má consciência, o leitor resolveu ignorar o relatório até hoje. Lamento, mas não vou permitir que continue a fazê-lo.
São 639 páginas, o resumo de uma investigação de dois anos que incluiu mais de 150 entrevistas e depoimentos, consultas com dúzias de especialistas e a análise de milhões de documentos.
No fim, a comissão considerou que a crise por que passamos é o resultado de produtos financeiros complexos de alto risco, conflitos de interesse ocultos, e da incapacidade de os reguladores, as agências de notação financeira e o próprio mercado controlarem os excessos de Wall Street. Dito simplesmente, os culpados somos nós os dois. Andámos, como se diz agora, a viver acima das nossas possibilidades.
Enquanto eu beneficiava de vantagens indevidas no mundo económico-financeiro, o leitor investia milhões em aplicações de alto risco; enquanto eu regulava toscamente o mercado, o leitor especulava sem freio em Wall Street.
Não admira, por isso, que sejamos também nós a sofrer os efeitos da crise. Nós e outros como nós. As filas, à porta dos centros de emprego, são formadas por gente da nossa laia: um vasto número de reguladores que foram demitidos, funcionários de agências de notação falidas, correctores da bolsa de Wall Street que, entretanto, fechou, administradores de instituições financeiras proibidos de voltar a administrar sequer uma mercearia. Por um lado, dá pena vê-los na pobreza, mas talvez assim esta gente aprenda a não voltar a colocar o mundo numa situação como esta.
É claro que, expurgadas as instituições financeiras de quem as conduziu ao desastre, e completamente reformados os seus procedimentos, agora é necessário recapitalizá-las. Não se trata de um resgate nem de uma ajuda: é uma recapitalização. Ajudas são para os desempregados, que não se conseguem governar. Esses devolvem a ajuda com juros dolorosos, para não se esquecerem do que fizeram. Mesmo que a União Europeia e o FMI quisessem fazê-lo, não poderiam recapitalizar um desempregado, porque ele nunca teve capital para começar. Resta-nos esperar que esta gente nova que está agora nos bancos dê melhor uso ao dinheiro do que os irresponsáveis que lá estiveram antes deles. Força, novo mundo financeiro. Recebam estas centenas de milhões de euros com a ponderação que o leitor e eu não tivemos.
E perdoem-nos, se puderem, um dia."
http://visao.sapo.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=vs.stories/671169
sábado, 16 de junho de 2012
Selfishness
E dá-me para pensar no dia de ontem, e na minha semana previa: nos vernizes que comprei rosa shock, no colares tatuados, no mp3 pink que recebi hoje e que me vai motivar a ir ao ginásio (e que só penso quando comprar um para ti). Na forma como pus-te a ti e ao pai a googlear bancos na quinta às 11 da noite, e como, no dia seguinte, cheia de vergonha, esperei à porta do meu para que abrisse, porque não estou disposta a ver a Grecia a arder e com ele as minhas magras poupanças (naquele momento só me vinha à cabeça a frase que diz que "os ratos são os 1os a abandonar o navio", e com isso veio a culpa de que se todos fossem como eu a senhora tão amável do balcão ficava sem emprego...).
Everything burns à minha volta, e eu, no 1º fim-de-semana que tenho livre desde há um mes, pinto as unhas tranquilamente de vermelho... Damn.
...Any thoughts?
Uno de cada tres ancianos ayuda con su pensión a sus familiares, según la Cruz Roja
at La Vanguardia, 14/06/12
Uno de cada tres ancianos han ayudado económicamente a alguno de sus familiares con sus pensiones en los últimos dos años, y uno de cada cuatro han tenido que acoger de nuevo a algún hijo en su casa, ha concluido el III Observatorio de Vulnerabilidad de la Cruz Roja de Catalunya.
El presidente de la entidad, Josep Marquès, ha explicado en rueda de prensa que las personas mayores se están convirtiendo en "un pilar imprescindible para paliar las secuelas de la crisis" y son un colectivo que debe cuidarse para evitar un efecto dominó que alcance al conjunto de la sociedad.
Tras analizar el impacto de la crisis en 674 usuarios mayores de 65 años, la entidad de ayuda humanitaria ha detectado que el 70% de ellos han visto disminuir su capacidad de ahorro, debido al encarecimiento de los precios y al incremento de las cargas familiares.
También el 70% creen que "esta crisis es más grave que las anteriores" y que las nuevas generaciones vivirán peor que las actuales debido al deterioro del Estado del Bienestar.
"Cualquier política referida a la vejez puede tener repercusiones sobre el conjunto de las familias y la sociedad", ha recordado Marquès, animando a las instituciones a abordar medidas en este ámbito.
El estudio revela que se han invertido los flujos de solidaridad intergeneracional por los cuales los más jóvenes contribuyen al bienestar de los mayores a través de la financiación del sistema de pensiones.
"Ahora ya son más los mayores de 65 años que apoyan a las generaciones más jóvenes", ha destacado Marquès, cifrando en un 20% los ancianos que prestan ayuda económica a sus hijos, un 10% los que ofrecen apoyo alimentario y un 6,5% los que han acogido a algún hijo en casa.
El impacto de la crisis económica tiene consecuencias sobre la alimentación de los mayores ya que, un 20% de ellos asegura no poder comer con regularidad fruta, carne ni pescado.
Además, el hecho de tener que destinar sus pensiones a ayudar a sus familiares ha obligado a la mitad de ellos a privarse de ir al dentista y revisarse la visión.
Marquès ha alertado de que dos de cada cuatro ancianos no pueden mantener su casa a una temperatura adecuada y que el 80% de ellos no pueden permitirse ningún gasto en ocio y descanso.
Debido a todos estos factores, los mayores "tienen la percepción de ruptura del progreso social a causa del deterioro del Estado del Bienestar".
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Os moinhos de Sancho
Somos diferentes. No bom sentido e no mau, acho que viemos duas ao mundo para não estranharmos tanto o tão diferentes que somos.
E somos boas em tudo o que nos propomos, como o pai e a mãe, pelo simples facto de que, no que somos realmente más (cirugia, pintura, musica...), já descartámos sem hesitação de entrada. E o resto? Um corrupio de 18s, sem descriminação ou critério.
E isso é mau? Depende. Eu prefiro que os meus filhos tenham opções, em lugar de se fixarem todas as suas capacidades e skills em algo que pode ser que não saia nada de jeito. E mau pela eterna insatisfação que nos assombra, e que desespera a quem nos rodeia (a mãe, por ex). Mas da insatisfação também se cresce. E como diz a M. (uma amiga do hospital), "querer saber tudo sobre todas as coisas" é característica de lideres.
O facto de não teres caminho definido e estar contente porque o céu é o limite também me aconteceu pre-mir. E isso é sinal que estás crescida, à 5 anos não saber o passo seguinte te faria facilmente entrar em pânico. Agora achas piada, e sabes que antes de escolher tens o mundo, depois da decisão tens só a tua escolha. E é tão bom ter o mundo por uns meses...com todos os caminhos totalmente abertos...
Bottom line: não peças aos outros que te vejam os moinhos, se isso é só trabalho teu e tu tampouco tens tudo tão claro. Enquanto não escolhes um dos moinhos andaremos todos em roda viva, mas isso é problema nosso.
E tu farás o que bem te der na real gana e serás a melhor do mundo mundial, nem que eu tenha que fazer 100 ecocardios ao dia para te ajudar, so help me God.
Os meus olhos
Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão, 1906-1997
quinta-feira, 7 de junho de 2012
O mundo dos outros
Não é complicado perder-me no mundo dos outros, da abstracção da pobreza e dos números de la prima de riesgo.
A coincidência é que ainda hoje, numa discussão com o meu supervisor, defendi outra abordagem para a Grécia. Defendi que a receita que está a resultar em Portugal (estará?) falhou redondamente aos gregos e que agora outra abordagem, qualquer uma (think outside the box, Europe!) é melhor que a pobreza humilhada dos gregos. O meu supervisor inglês, num sotaque oxfordiano, respondeu que não podemos classificar de pobreza 'não ter dinheiro para uma televisão nova' ou 'estar temporariamente desempregado'.
Se as pessoas educadas pensam que a Grécia está a reclamar desta forma por estar a perder 'luxos', então que esperança há para os lideres da Europa? Que esperança há para que o cidadão alemão comum mostre compaixão?
E há crianças na Grécia que vão ficando à fome e à humilhação. Assim como no Jerês (viste a reportagem na Time?) e agora na Catalunha.
Ainda bem que estamos numa sociedade civilizada...
A outra face da crise
E lembrei-me da frase do Daniel Sampaio, que dizia do irmão que "estava sempre precupado com a Humanidade, e esquecendo-se do vizinho do lado".
Reflexão: nós também somos um pouco assim? E se somos, não deviamos fazer algo para mudar? Quase que me faz perder a vontade de me queixar de parvoices... a vida tem-nos levado um pouco ao colo, não te parece também? E nós, sempre preocupadas com a teoria económica, raramente vemos as verdadeiras caras da consequencia.
Então, cambiamos de chip? Com a alergia que temos aos ignorantes, seria uma pena sermos cegas a esta versão da História. It's just a thought...
Cáritas Barcelona atiende a un 30% de nuevos usuarios durante 2011, at La Vanguardia, 6/6/12
Cáritas Diocesana de Barcelona y las parroquias del área metropolitana auxiliaron el año pasado a 253.591 personas, una cifra de pobreza que no para de crecer mientras se agota el cojín familiar que sostenía a hogares que se quedan sin ningún ingreso, lo que supone el inicio de una fractura social.
La gravedad de la situación es tan acuciante que Cáritas ha tenido que vender excepcionalmente bienes muebles e inmuebles por valor de dos millones de euros, uno el año pasado y otro durante este 2012, para poder dedicar el dinero a atender a las personas pobres, ha explicado el director de Cáritas, Jordi Roglà.
El cardenal de Barcelona, Lluis Martínez Sistach, ha presidido hoy la presentación de la memoria anual de Cáritas y los datos de los primeros 5 meses de este año, en los que esta ONG cristiana constata que la pobreza "se hace más intensa y más extensa".
Cáritas de Barcelona, que agrupa a las diócesis de Barcelona, Sant Feliu de Llobregat y Terrassa, atendió el año pasado a 57.868 personas necesitadas, un 2% más que el año anterior, con el agravante de que el 30% de ellas son personas que han acudido por primera vez a una institución de ayuda, lo que indica una cronificación y un ahondamiento de la pobreza severa.
"Lo más preocupante es que un 35% de las personas atendidas son menores de edad, un 10% más, lo que pone de manifiesto que no se están dedicando suficientes recursos en un momento decisivo en la vida de las personas", ha denunciado la responsable de acción social de la diócesis de Sant Feliu, Conxa Marquès.
Desde el 2007, el número de personas en riesgo de exclusión social atendidas por Cáritas ha crecido más del 100%, y las familias con hijos suponen el 49% del total, y un 15% fueron familias monoparentales.
Por su parte, las parroquias de las tres diócesis del área metropolitana han atendido a otras 195.723 personas.
En total, entre parroquias y Cáritas destinaron el año pasado más de 7,2 millones de euros a ayudas para necesidades básicas, como alimentos, ropa, higiene y, sobre todo, vivienda.
De hecho, según Marquès, el 65% de las ayudas económicas se destinaron a pagar alquileres. "La fractura social ha comenzado porque el cojín familiar y de ahorros ha empezado a agotarse, muchas familias sufren conflictos, los niños viven situaciones dramáticas, empiezan a aflorar problemas de salud, depresiones, y las personas entran en una desesperanza que ya no les permite afrontar la búsqueda de una salida a su situación", ha explicado Marquès.
Un 42% de las personas atendidas por Cáritas son de nacionalidad española, un colectivo que crece, sobre todo, entre las personas que recurren a esta ONG cristiana por primera vez.
Un 78% de las personas que acudieron a Cáritas, que el año pasado gestionó 24 millones de euros -2,5 de ellos aportados por el Programa Proinfancia de la Fundación La Caixa- no encontró trabajo ni siquiera en la economía sumergida.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
E lá vai a Caixa...
The Portuguese government will inject €6.6bn into three of the country’s largest banks, becoming the latest eurozone country to tap international bailout funding for an undercapitalised financial sector.
Vítor Gaspar, Portuguese finance minister, said the funds would ensure that Banco Commercial Portugues, Banco BPI and state-owned Caixa Geral de Depósitos met tough new capital requirements set by the European Banking Authority.
Portugal’s €78bn EU-International Monetary Fund rescue programme, which was agreed last year, earmarked €12bn for aiding its banks. About €5bn of the funds for the three banks will come from the bailout.
The Portuguese announcement comes as banks in several other eurozone countries struggle to hit new EBA capital ratios by the end of the month.
Cypriot officials have said they may be forced to seek EU aid to meet the 9 per cent threshold for core tier one capital, a key measure of financial strength. Spanish officials have also begun to acknowledge they will need outside help to recapitalise their banking sector, brought low by the bursting of Spain’s property bubble, and may be forced to seek EU funds.
The stresses on eurozone banks have led to renewed calls for a so-called “banking union” in the EU, which could include a common eurozone fund to recapitalise and bailout failing banks, enabling stronger governments to help weaker ones by pooling resources.
Olli Rehn, the EU’s top economic official, and Pierre Moscovici, the new French finance minister, said on Monday that the eurozone’s €500bn rescue fund should be allowed to inject capital into struggling banks – a move increasingly sought by Madrid but blocked by Berlin, which fears such aid might come without the controls bailout lenders have insisted on for sovereign rescues.
Portugal’s international lenders said in a statement that Lisbon was implementing its bailout programme “broadly as planned”, noting that its external adjustment was “proceeding faster than expected”.
Despite Portugal’s progress, EU officials are increasingly planning for a second bailout for Lisbon. Borrowing costs on Portugal’s benchmark 10-year bonds have remained above 10 per cent for more than a year – far too high for it to return to the private sector for financing next year, as the plan envisages. The struggle to find private capital for eurozone banks could be further complicated on Wednesday, when Michel Barnier, the EU’s top financial regulator, unveils his long-awaited plan for failing financial institutions. It is expected to include provisions that would force losses onto private investors in collapsing banks, or so-called “bail-ins”.
Drafts of the proposal would require member states to set aside a minimum amount of funds for bank rescues and lend to other national schemes in an emergency. A more ambitious Commission proposal for a pan-EU fund is to be unveiled at a later date, probably after 2014.
Herman Van Rompuy, European Council president, said on Monday that bank resolution and a deposit guarantee scheme form part of his plan for further economic integration. But he cautioned such a blueprint would only deal with longer-term issues and was “irrelevant to those immediate problems” faced by countries like Spain.
sábado, 2 de junho de 2012
Living pink
E comprei este colar na Barceloning, lembras-te a loja que demos mil voltas para encontrar? É super diferente, quando o pões parace tatuado na tua pele. No espirito do teu colar marroquino "vou-to comprar whatever you want it or not", digo-te o mesmo. Assim que escolhe um, senão escolho eu e cuidadinho porque estou numa fase um pouco pink! :)
http://www.batucada-fashion.es/index.html


O 1º comprei eu
O 2º é mais o teu estilo (acho)
PS: Comecei o novo livro Obama-vs-Irão. Awesome!
quarta-feira, 30 de maio de 2012
A long overdue
Temi que se perguntassem alguns detalhes mais eu caía como um patinho, e então pensei neste livro - já o deviamos ter na nossa lista há muito tempo.
Starring in our usual library:
PS: E descobri que também há o wine-dummies em versão filme, but that's a little bit too much, right?
A summer song
Sem Palheta - Amor Electro cantam Mamonas Assassinas na RFM
terça-feira, 29 de maio de 2012
Thinking outside the box
Easy: porque não queremos passear pelo mundo pensando o mesmo que toda a gente.
Different is good.
Time to Greece to say Danke to Germany:
http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,2115038,00.html
domingo, 27 de maio de 2012
Polònia, um país a sério!
quarta-feira, 23 de maio de 2012
Ginja, a typical portuguese treat missed by Bourdain
E voltamos à mesma discussão que tivemos em Londres: por muito que nos doa, quiçá já não somos representantes do 99% de Portugal....
Um beijo e cuidado com a ginja da mãe, só deus sabe que leva dentro...
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Portugal, os Portugueses e a ginja
Too Big to Hedge
Lessons From Trades Big and Bad - Too Big to Hedge, at Internat Herald Trib, by Floyd Norris, 18/05/12
Aqui te deixo a pagina inicial do jornal: http://global.nytimes.com/?iht
http://www.nytimes.com/2012/05/18/business/what-jpmorgan-didnt-learn-high-low-finance.html?_r=1
PS: tem a versão para ipad, com mais anuncios que o NYT, mas tb menos baseada na subscription (ou seja, permite ler muitas mais noticias grátis).
sábado, 19 de maio de 2012
O (des) governo belga
A Vingança Do Anarquista, at Consoante Muda, Rui Tavares, Jornal Público, 21-09-2011
Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e, ainda por cima, estava sem governo? Entretanto os mercados abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros, ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a França.
E continuaram a não incomodar a Bélgica.Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e, ainda por cima, estava sem governo? Entretanto os mercados abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros, ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a França. E continuaram a não incomodar a Bélgica. Porquê? Bem, - como explica John Lanchester num artigo da última London Review of Books - a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã. E isto apesar de estar há 16 meses sem governo.
Ou melhor, corrijam essa frase. Não é "apesar" de estar sem governo. É graças - note-se, graças - a estar sem governo. Sem governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.
A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país desenvolvido sobreviver sem governo. Agora sugere que é possível viver melhor sem ele. Isto é mais do que uma curiosidade.Vejamos a coisa sob outro prisma. Há quanto tempo não se ouve um governo ocidental - europeu ou norte-americano - dar uma boa notícia? Se olharmos para os últimos dez anos, os governos têm servido essencialmente para duas coisas: dizer-nos que devemos ter medo do terrorismo, na primeira metade da década; e, na segunda, dizer-nos que vão cortar nos apoios sociais.
Isto não foi sempre assim. A seguir à II Guerra Mundial o governo dos EUA abriu as portas da Universidade a centenas de milhares de soldados - além de ter feito o Plano Marshall na Europa onde, nos anos 60, os governos inventaram o modelo social europeu. Até os governos portugueses, a seguir ao 25 de abril, levaram a cabo um processo de expansão social e inclusão política inédita no país.No nosso século XXI isto acabou. Enquanto o Brasil fez os programas "Bolsa-Família" e "Fome Zero", e a China investe em ciência e nas universidades mais do que todo o orçamento da UE, os nossos governos competem para ver quem é mais austero, e nem sequer pensam em ter uma visão mobilizadora para oferecer às suas populações.
Ora, os governos não "oferecem" desenvolvimento às pessoas; os governos, no seu melhor, reorganizam e devolvem às pessoas a força que a sociedade já tem. Se as pessoas sentem que dão - trabalho, estudo, impostos - e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.
No fim do século XIX, isto foi também assim. As pessoas viam que o governo só tinha para lhes dar repressão ou austeridade. E olhavam para a indústria, e viam que os seus patrões só tinham para lhes dar austeridade e repressão. Os patrões e o governo tinham para lhes dar a mesma coisa, pois eram basicamente as mesmas pessoas. Não por acaso, foi a época áurea do anarquismo, um movimento que era socialista (contra os patrões) e libertário (contra o governo).
Estamos hoje numa situação semelhante. Nenhum boa ideia sai dos nossos governos. E as pessoas começam a perguntar-se para que servem eles.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Nem a propósito...
Jean-Claude Trichet is sounding hawkish about inflation again — and this is very bad news for the European periphery. Let me offer a stylized example to explain why.
So, imagine a eurozone that contains only two countries, Germany and Spain. And let’s make two assumptions: first, Germany’s economy is three times the size of Spain’s, so that German inflation is 3/4 of the overall index, Spain’s inflation 1/4; second, past events have left Spanish wages and prices 20 percent logarithmic too high relative to Germany. (Why logarithmic? So I can just add percentage changes, without having to worry about compounding.)
Now suppose that you want to get relative prices and wages back in line over the course of 5 years. How can this happen? Well, one way or another we need to have German inflation 4 points higher than Spanish inflation over that period.
So consider two scenarios: in scenario A, we have 2 percent German inflation and 2 percent Spanish deflation. This implies an overall eurozone inflation rate of 1 percent. In scenario B, we have 4 percent German inflation and zero Spanish inflation, implying eurozone inflation of 3 percent.
In a frictionless world, it wouldn’t matter which scenario gets chosen. But in reality, scenario A, the low-inflation scenario, is vastly worse for Spain — for two reasons. First, it’s much, much harder to get actual deflation than simply to have stable prices, so scenario A means much higher unemployment. Second, because Spanish debt is in euros, scenario A implies a significantly worse debt burden.
So what we’re seeing is an ECB catering to German desires for low inflation, very much at the expense of making the problems of peripheral economies much less tractable.
This is going to be ugly.
Basicamente (do que eu consigo perceber!) diz que se os salários e os preços em Espanha estiveram 'inflacionados' em relação aos da Alemanha, e houver a tendência para contrabalançar isto em cinco anos, há duas soluções:
'deflacionar' os salários/preços na Espanha (o que significa que tu ganharias menos) ou manter as coisas como estão na Espanha mas 'inflacionar' a Alemanha. O Krugman acha que o BCE está a ajudar a Alemanha a manter a inflação baixa, mas que isto acaba por ser fatal para as economias como Portugal e Espanha: as pessoas ganham menos (ou nada), o desemprego aumenta e quando for para pagar a dívida, temos menos dinheiro para o fazer!
Passados alguns meses, ele insiste neste ponto:
Dooming the Euro (15 May 2012)
At this point an argument that was once considered way out there — that euro area adjustment won’t be possible unless the inflation target is raised — now has widespread support, albeit not from the crucial players. Inflation significantly above 2 percent is almost surely a necessary (though not sufficient) condition for the euro to survive.
So what’s happening to euro inflation expectations? We can look at theGerman breakeven — the difference in yields between German bonds, presumably viewed as safe, and yields on German bonds indexed to euro area inflation. This currently points to an expected inflation rate over the next 5 years of 1.3 percent — way too low to make euro survival feasible.
It was possibly getting into feasible territory in early 2011, then fell to levels that arguably doom the euro.So how has that breakeven evolved over time?
And what happened in April 2011? The ECB hiked rates, even though it was obvious that the rise in inflation was a temporary blip driven by commodity prices. This was a clear signal that the price stability obsession was as strong as ever. And it has meant, in the end, a loss of hope.
Credibility!
Ou seja, em Abril de 2011, assim que parecia que a inflação iria subir, o BCE aumentou as taxas de juro (para diminuir a inflação), o que leva o Krugman a dizer que estão mesmo comprometidos com a primeira solução (manter os níveis de inflação da Europa baixo, 'deflacionando' as economias periféricas).
Krugman, ou o cavaleiro do apocalipse
El premio Nobel de Economía y mediático opinador de The New York Times, Paul Krugman, vaticina en su blog que Grecia saldrá del euro "muy posiblemente el próximo mes".
La salida helénica provocará, según Krugman, "cuantiosas retiradas" de depósitos de los bancos en España e Italia, dinero que irá a parar a Alemania. La consecuencia de este movimiento sería "posiblemente" la creación de mecanismos de control para que los bancos tuvieran prohibido "transferir depósitos fuera del país" y también se "limitaría la retirada de dinero en efectivo", lo que se conoce como 'corralito'.
En consecuencia, según el Nobel de Economía, o Alemania cambia su política de austeridad o vaticina "el fin del euro".
El editorial de la prestigiosa revista de actualidad alemana Der Spiegel da por segura la salida de Grecia del euro después del resultado de las elecciones celebradas el pasado 6 de mayo de 2012, en el que los partidos partidarios de seguir las exigencias de la 'troika' para obtener el dinero de los diferentes rescates sufrieron un duro revés en las urnas que todavía hoy aún no se ha resuelto. "Akropolis, Adieu!", es el inequívoco titular de la portada de la publicación germana, en la que se explican las razones por las cuales Grecia "debe salir del euro". La publicación sostiene que la única salida que tiene Europa para seguir adelante es que Atenas abandone la moneda única.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Life's happening outside my window
Esta semana não me acaba. Andei a 1000/h, fiz mil coisas, umas sairam mesmo bem, outras nem tanto. Vida normal.
E hoje, quando pensei que podia ter finalmente um pouco de paz, alguém me parte o coração. Acredita, mesmo à minha frente, pude ouvir os estilhaços. Nunca me tinha acontecido, juro-te, tu sabes que não sou assim, isto é tudo novo... Encontrei finalmente igual que eu, e perdi-o porque somos realmente demasiado iguais. E a graça é que olhava para ele, e me estava reconhecendo em tudo o que passiva-agressivamente me disse, porque eu fiz o mesmo, igualzinho, com a mesma cara, expressão e palavras, há poucas semanas atrás, também com ele, mas do outro lado. Parecia que me olhava ao espelho, mas a diferença é que desta vez não é a minha gémea, não partilhou utero comigo 8 meses e não tem que me perdoar porque sim...
E a pergunta que se impoē: How do you fix a broken heart? Because I haven't the smallest clue...
E tu não podes dormir, pelo doutouramento em Cambridge, pelo sonho de Stanford. E a J., que trabalha agora em Portimão e queria vir para Barcelona (e quando percebeu que não podia pos-se a treinar para ir para a Alemanha) foi chamada para uma 2ª entrevista em Bruxelas, e não sabe se ir..
E lembro-me da ironia do fim-de-semana passado, em que pelo telefone tentava tranquilizar a mãe quando me falava no nosso "eterno sofrimento", "que nunca estamos contentes e queremos sempre mais" e dizia-lheque temos trabalho, comida, casa e roupa lavada, alem de estarmos a fazer exactamente o que escolhemos há 2 anos trás (bem ou mal escolhido, sabe-se lá). Reforcei on meu argumento dizendo que infeliz é a minha senhora da limpeza, que nunca sabe se chega ao final do mes, ou os jovens como nós desempregados há anos ou com bolsas precarias. E ela ficou mais calma, e mandou-me um beijo a 1200km de distancia.
Mas hoje, só hoje, desejava não ter pedido tanto, ou seguir desejando impossiveis. Queria uma vida normal, quotidiana, aborrecida, que não me obrigasse a ser uma viajante profissional (e, pior, sem saber ser de outra forma). Que a eterna duvida não fosse como satisfazer a ambição desmedida, como ser sempre mais e melhor, ou em que pais vou a viver nos próximos anos, mas sim o que vou fazer para o almoço esse dia, ou em que dia tenho cabeleireiro.
Como as pessoas normais, que só querem chegar ao dia seguinte...
E então este blog não se chamaria entre Cambridge e Barcelona, porque não teria sentido, mais bem seria entre Molhe Leste e Baleal, um post tipo "encontramo-nos no Ponto d'Encontro as 14h da tarde, leva o Expresso e a Visão",e tudo seria tranquilo, e decorreria sem ondas...
E esta manhã,à J., digo-lhe sorrindo a eterna frase de John Lenon: "Life is what happens when you're busy making other plans". E ela ri-se. Mas nessa mesma tarde, esta frase começou a tomar um sentido totalmente diferente...
Um beijo, I really miss you.