O artigo que me abriu ao maravilhoso mundo dos interesses puramente especulativos do mercado finaceiro ou, por outras palavras, dos "credit-default swaps".
Se os subprimes foram o pai da crise, os CDS foram com toda a certeza a mãe desta bagunçada toda.
Toma atenção, porque tem 8 partes!
http://www.vanityfair.com/business/features/2010/04/wall-street-excerpt-201004?currentPage=1
PS: Algumas pequenas definições em português, que ajudam a decifrar os conceitos mais dificeis (e no final da página da Visão tens outros artigos com mais conceitos):
http://aeiou.visao.pt/o-que-e-um-cds-credit-default-swap=f538197
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
Cupcakes, anyone?
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Roadtrips to financial markets...2
A falar com um colega meu sobre a minha nova obsessão, ele aconselhou-me um documentário sobre a especulação das tulipas, na Holanda do sex XVII. Não consegui encontrar o documentário, mas li algumas coisas sobre o assunto. Neste caso, os subprimes eram as tulipas que ainda não tinham sido semeadas.... ao que parece, o mundo não mudou muito...
"Mania das tulipas, tulipomania, tulipamania, febre da tulipa ou crise das tulipas são expresões referentes a um episódio da História dos Países Baixos que deu origem à primeira bolha especulativa conhecida. Hoje, tais termos são aplicados metaforicamente a qualquer bolha especulativa de grande escala.
A tulipa foi introduzida na Europa durante a metade do século XVI à época do Império Otomano. Imagina-se que seu cultivo nas Sete Províncias tenha começado em 1593, quando Charles de l'Écluse criou mudas de tulipa capazes de tolerar as ásperas condições climáticas nos Países Baixos , a partir de bulbos que lhe haviam sido enviados da Turquia por Ogier de Busbecq. No começo do século XVII, a flor já era muito usada na decoração de jardins e também na medicina.
Apesar de não terem perfume e florescerem apenas por uma ou duas semanas ao ano, os jardineiros holandeses apreciavam as tulipas por sua beleza. Muitos mercadores, artesãos e colecionadores preferiam colecionar e pintar tulipas a quadros.
Rapidamente a popularidade das flores aumentou. Mudas especiais recebiam denominações exóticas ou nomes de almirantes da marinha holandesa. As mais espetaculares e altamente desejadas tinham cores vívidas, linhas e pétalas flamejantes. A tulipa se tornara um cobiçado artigo de luxo e símbolo de status social e estabelece-se a competição entre membros das altas classes pela posse das variedades mais raras. Os preços disparam.
Em 1623, um simples bulbo de uma variedade famosa de tulipa poderia custar muitos milhares de florins neerlandeses . Tulipas foram trocadas por terras, animais valiosos. Algumas variedades podiam custar mais que uma casa em Amsterdã. Dizia-se que um bom negociador de tulipas conseguia ganhar seis mil florins por mês, quando a renda média anual, à época, era de 150 florins. Um bulbo de tulipa passou a ser vendido pelo preço equivalente a 24 toneladas de trigo. Por volta de 1635, a venda de 40 bulbos por 100.000 florins foi um recorde. Para efeito de comparação, uma tonelada de manteiga custava algo em torno de 100 florins e oito porcos graúdos custavam 240 florins. O recorde foi a venda de um dos mais famosos bulbos, o Semper Augustus, por 6.000 florins, em Haarlem.
Em 1636, tulipas eram vendidas nas bolsas de valores de numerosas cidades holandesas. O comércio das flores era encorajado por todos os membros da sociedade; muitas pessoas vendiam ou negociavam suas posses no intuito de especular no mercado de tulipas. Alguns especuladores tiveram muito lucro, enquanto outros perderam tudo ou quase tudo o que tinham.
Negociantes passaram a vender bulbos das tulipas que tinham acabado de plantar ou ainda que intencionavam plantar (os chamados contratos futuros de tulipa) - apesar de um édito de 1610 ter proibido esse tipo de negócio. O fenômeno foi chamado windhandel ("negócio de vento") e ganhou espaço sobretudo em tavernas de cidades pequenas, onde se usava uma espécie de lousa para indicar as ofertas de preço.
Em fevereiro de 1637, os comerciantes de tulipas não conseguiam mais inflacionar os preços de seus bulbos e então começaram a vendê-los. A bolsa de valores estourou. Começou-se a suspeitar que a demanda por tulipas não duraria e isso propagou o pânico no mercado. Alguns deixaram de segurar contratos para compra de tulipas, estabelecidos a preços que agora eram dez vezes maiores que os preços de mercado; outros acharam-se na posse de bulbos cujo preço era muito inferior ao que haviam pago. Consequentemente, milhares de holandeses, incluindo executivos e membros da alta sociedade, ruíram financeiramente.
Tentativas de resolver a situação fracassaram. Os juízes consideraram os débitos como contratados através de especulação e portanto, sem corroboração legal. Assim, as pessoas permaneceram abarrotadas de bulbos comprados antes da quebra, já que nenhuma Corte determinaria a execução do pagamento desses contratos.
Versões menores da tulipamania também ocorreram em outras partes da Europa, entretanto nunca chegaram ao nível da que ocorreu nos Países Baixos. Na Inglaterra de 1800, era comum pagar cinqüenta guinéus por um único bulbo de tulipa. Esta soma poderia manter um trabalhador e sua família com comida, roupa e aluguel por seis meses.
Os fatos foram relembrados, mais de dois séculos depois, no livro Memorando de extraordinários engodos populares e a loucura das multidões, escrito pelo jornalista inglês Charles Mackay, em 1843. Mackay, no entanto, omitiu-se de mencionar que no mesmo período, os Países Baixos foram também atingidos por uma epidemia de peste bubônica, entre outros contratempos, durante a Guerra dos Trinta Anos. Possuir tulipas no lar era um meio de impressionar e quando a riqueza rolava escada-social abaixo então, todos clamavam por tulipas. Charles Mackay conta uma história da época: "Um rico mercador havia pago 3.000 florins (280 libras esterlinas) por uma rara tulipa Semper Augustus que desaparece de seu depósito. Depois de vasculhar todo o depósito, viu um marinheiro, que havia confundido o bulbo da tulipa por uma cebola, comendo a tulipa. O marinheiro foi prontamente preso e passou seis meses na prisão."
No século XX descobriu-se que as pétalas repletas de babados e cores vicejantes, que davam a essa flor um ar apoteótico, eram, de fato, resultado de uma infecção causada por um vírus que só atingia tulipas, conhecido como Tulip Breaking potyvirus. A flor saudável era considerada sólida, macia e monótona"
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mania_das_tulipas
http://en.wikipedia.org/wiki/Tulip_mania
"Mania das tulipas, tulipomania, tulipamania, febre da tulipa ou crise das tulipas são expresões referentes a um episódio da História dos Países Baixos que deu origem à primeira bolha especulativa conhecida. Hoje, tais termos são aplicados metaforicamente a qualquer bolha especulativa de grande escala.
A tulipa foi introduzida na Europa durante a metade do século XVI à época do Império Otomano. Imagina-se que seu cultivo nas Sete Províncias tenha começado em 1593, quando Charles de l'Écluse criou mudas de tulipa capazes de tolerar as ásperas condições climáticas nos Países Baixos , a partir de bulbos que lhe haviam sido enviados da Turquia por Ogier de Busbecq. No começo do século XVII, a flor já era muito usada na decoração de jardins e também na medicina.
Apesar de não terem perfume e florescerem apenas por uma ou duas semanas ao ano, os jardineiros holandeses apreciavam as tulipas por sua beleza. Muitos mercadores, artesãos e colecionadores preferiam colecionar e pintar tulipas a quadros.
Rapidamente a popularidade das flores aumentou. Mudas especiais recebiam denominações exóticas ou nomes de almirantes da marinha holandesa. As mais espetaculares e altamente desejadas tinham cores vívidas, linhas e pétalas flamejantes. A tulipa se tornara um cobiçado artigo de luxo e símbolo de status social e estabelece-se a competição entre membros das altas classes pela posse das variedades mais raras. Os preços disparam.
Em 1623, um simples bulbo de uma variedade famosa de tulipa poderia custar muitos milhares de florins neerlandeses . Tulipas foram trocadas por terras, animais valiosos. Algumas variedades podiam custar mais que uma casa em Amsterdã. Dizia-se que um bom negociador de tulipas conseguia ganhar seis mil florins por mês, quando a renda média anual, à época, era de 150 florins. Um bulbo de tulipa passou a ser vendido pelo preço equivalente a 24 toneladas de trigo. Por volta de 1635, a venda de 40 bulbos por 100.000 florins foi um recorde. Para efeito de comparação, uma tonelada de manteiga custava algo em torno de 100 florins e oito porcos graúdos custavam 240 florins. O recorde foi a venda de um dos mais famosos bulbos, o Semper Augustus, por 6.000 florins, em Haarlem.
Em 1636, tulipas eram vendidas nas bolsas de valores de numerosas cidades holandesas. O comércio das flores era encorajado por todos os membros da sociedade; muitas pessoas vendiam ou negociavam suas posses no intuito de especular no mercado de tulipas. Alguns especuladores tiveram muito lucro, enquanto outros perderam tudo ou quase tudo o que tinham.
Negociantes passaram a vender bulbos das tulipas que tinham acabado de plantar ou ainda que intencionavam plantar (os chamados contratos futuros de tulipa) - apesar de um édito de 1610 ter proibido esse tipo de negócio. O fenômeno foi chamado windhandel ("negócio de vento") e ganhou espaço sobretudo em tavernas de cidades pequenas, onde se usava uma espécie de lousa para indicar as ofertas de preço.
Em fevereiro de 1637, os comerciantes de tulipas não conseguiam mais inflacionar os preços de seus bulbos e então começaram a vendê-los. A bolsa de valores estourou. Começou-se a suspeitar que a demanda por tulipas não duraria e isso propagou o pânico no mercado. Alguns deixaram de segurar contratos para compra de tulipas, estabelecidos a preços que agora eram dez vezes maiores que os preços de mercado; outros acharam-se na posse de bulbos cujo preço era muito inferior ao que haviam pago. Consequentemente, milhares de holandeses, incluindo executivos e membros da alta sociedade, ruíram financeiramente.
Tentativas de resolver a situação fracassaram. Os juízes consideraram os débitos como contratados através de especulação e portanto, sem corroboração legal. Assim, as pessoas permaneceram abarrotadas de bulbos comprados antes da quebra, já que nenhuma Corte determinaria a execução do pagamento desses contratos.
Versões menores da tulipamania também ocorreram em outras partes da Europa, entretanto nunca chegaram ao nível da que ocorreu nos Países Baixos. Na Inglaterra de 1800, era comum pagar cinqüenta guinéus por um único bulbo de tulipa. Esta soma poderia manter um trabalhador e sua família com comida, roupa e aluguel por seis meses.
Os fatos foram relembrados, mais de dois séculos depois, no livro Memorando de extraordinários engodos populares e a loucura das multidões, escrito pelo jornalista inglês Charles Mackay, em 1843. Mackay, no entanto, omitiu-se de mencionar que no mesmo período, os Países Baixos foram também atingidos por uma epidemia de peste bubônica, entre outros contratempos, durante a Guerra dos Trinta Anos. Possuir tulipas no lar era um meio de impressionar e quando a riqueza rolava escada-social abaixo então, todos clamavam por tulipas. Charles Mackay conta uma história da época: "Um rico mercador havia pago 3.000 florins (280 libras esterlinas) por uma rara tulipa Semper Augustus que desaparece de seu depósito. Depois de vasculhar todo o depósito, viu um marinheiro, que havia confundido o bulbo da tulipa por uma cebola, comendo a tulipa. O marinheiro foi prontamente preso e passou seis meses na prisão."
No século XX descobriu-se que as pétalas repletas de babados e cores vicejantes, que davam a essa flor um ar apoteótico, eram, de fato, resultado de uma infecção causada por um vírus que só atingia tulipas, conhecido como Tulip Breaking potyvirus. A flor saudável era considerada sólida, macia e monótona"
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mania_das_tulipas
http://en.wikipedia.org/wiki/Tulip_mania
Roadtrips to financial markets...1
O artigo que finalmente me fez entender a crise financeira, e porque é que a Bethany McLean, autora do livro que quero comprar, atribui a crise aos emprésticos hipotecários e à convicção que o preço das casas (ou seja, o valor do mercado imobiliário) nunca desvalorizariam. Custava-me a relacionar isso com o conceito de falta de liquidez , e com a fragilidade dos grandes bancos mundiais. É um artigo mesmo muito básico, mas a mim ajudou-me a fazer o "click".
I still have a long way to go...
"Em sentido amplo, subprime (do inglês subprime loan ou subprime mortgage) é um crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar da taxa de juros mais vantajosa (prime rate).
Em sentido mais restrito, o termo é empregado para designar uma forma de crédito hipotecário (mortgage) para o setor imobiliário, surgida nos Estados Unidos e destinada a tomadores de empréstimos que representam maior risco. Esse crédito imobiliário tem como garantia a residência do tomador e muitas vezes era acoplado à emissão de cartões de crédito ou a aluguel de carros.
O termo é derivado de prime lending rate - a taxa de juros contratada com os tomadores mais confiáveis. Assim, prime lending designa o crédito concedido aos tomadores confiáveis e subprime lending se refere ao crédito dado àqueles tomadores que têm maior risco de inadimplência.
A diferença entre as duas taxas - subprime lending rate e prime lending rate - corresponde à remuneração do risco adicional envolvido no empréstimo dado a quem oferece garantias insuficientes.
Por outro lado, numerosos créditos são concedidos a taxas variáveis. No caso dos créditos subprime, a taxa inicial pode ser atraente (teaser rate), ou seja, inferior à taxa fixa de um empréstimo normal.
Para os credores, os empréstimos subprime eram considerados como individualmente arriscados - mas, coletivamente, seguros e rentáveis. A estimativa de rentabilidade baseava-se em uma hipótese de alta regular do preço dos imóveis, o que vinha acontecendo nos Estados Unidos, desde 1945. Assim, se um devedor se tornasse inadimplente, era sempre possível revender a propriedade com lucro.
Créditos "ninja" : Ninja é um tipo de subprime - um crédito concedido a tomadores que não podem comprovar renda, nem emprego e nem a propriedade de ativos (No Income, No Job, (and) no Assets). A expressão foi cunhada pela HCL Finance, uma financeira da Califórnia, especializada em conceder empréstimos com documentação mínima, isto é, sem exigência de comprovação de renda, emprego ou depósitos bancários. "Ninja" era o nome de um dos seus produtos financeiros.
A FCL ganhou destaque especialmente durante a bolha imobiliária nos Estados Unidos, nos anos 2000, e ficou mais conhecida após a deflagração da crise do subprime, entre julho e agosto de 2007, como o principal exemplo de práticas desastrosas na concessão de empréstimos O uso do termo "ninja" foi assim incorporado ao jargão do mercado, já durante a crise financeira de 2008.
Por significarem um risco maior, esses tomadores também pagavam juros mais altos.
"O mercado se inundou de papéis lastreados naquelas operações que as pessoas de baixa renda financiaram", explica Tharcísio Santos, diretor do FAAP MBA.
Na medida em que o mercado foi se aquecendo, os imóveis foram se valorizando e abrindo aos mutuários mais uma possibilidade: o "financiamento da diferença". Assim, um americano que tivesse financiado um imóvel de US$ 200 mil, cujo valor de mercado tivesse aumentado para US$ 300 mil, poderia tomar mais US$ 100 mil emprestados, dando como garantia a mesma casa. Com esses recursos adicionais, os clientes ninja podiam não só pagar suas prestações como também consumir mais. Esse sistema funcionava bem pois desde o pós-guerra o valor dos imóveis vinha subindo continuamente.
Mas com o aumento da taxa de juros de curto prazo de 1% para mais de 5% e depois, para valores que se aproximavam de 10%, muita gente deixou de pagar as prestações. Houve inadimplência em massa dos clientes mais frágeis. Em 2007, quase três milhões de famílias americanas estavam em situação de inadimplência.
A tentativa dos clientes, como último recurso, de se desfazerem, simultaneamente, de suas casas no mercado, pressionou para baixo os preços de todos os imóveis nos Estados Unidos, inclusive aqueles que estavam sendo financiados a taxas prime. Com o excesso de oferta, o preço dos imóveis entrou em queda livre.
As pessoas começaram a entregar os imóveis às empresas de financiamento. Muita gente devia mais do que o valor da casa. Na hora em que o mercado como um todo se reduziu, todas as operações feitas com imóveis como garantia ficaram a descoberto, explica Carlos Stempniewski, professor das Faculdades Integradas Rio Branco.
Afinal as financiadoras ficaram com os imóveis – agora, com seu valor aviltado – e sem o dinheiro; portanto, sem recursos para honrar os títulos que haviam emitido. Isso acabou por provocar a consequente falência de financeiras e, em efeito dominó, de instituições maiores.
De repente, essa roda da fortuna parou. Com esses títulos espalhados, a pessoa ia resgatar um fundo, o seguro, a aposentadoria e não tinha dinheiro, diz Stempniewski . As empresas resolveram ir ao mercado vender ações para fazer dinheiro. E isso jogou a crise para cima dos mercados de todo mundo.
É conveniente ressaltar o papel que tiveram, nesta crise, as agências de classificação de risco (tais como Standard & Poor's, Fitch e Moody's) ao considerarem como dinheiro sonante os dados informados pelos criadores de títulos financeiros derivados de subprimes, e classificando alguns derivativos como AAA (o melhor nível de confiança!) quando eram apenas títulos podres" (por exemplo - classificaram com AAA os Lehman Brothers, poucas semanas antes de falirem).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Subprime
I still have a long way to go...
"Em sentido amplo, subprime (do inglês subprime loan ou subprime mortgage) é um crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar da taxa de juros mais vantajosa (prime rate).
Em sentido mais restrito, o termo é empregado para designar uma forma de crédito hipotecário (mortgage) para o setor imobiliário, surgida nos Estados Unidos e destinada a tomadores de empréstimos que representam maior risco. Esse crédito imobiliário tem como garantia a residência do tomador e muitas vezes era acoplado à emissão de cartões de crédito ou a aluguel de carros.
O termo é derivado de prime lending rate - a taxa de juros contratada com os tomadores mais confiáveis. Assim, prime lending designa o crédito concedido aos tomadores confiáveis e subprime lending se refere ao crédito dado àqueles tomadores que têm maior risco de inadimplência.
A diferença entre as duas taxas - subprime lending rate e prime lending rate - corresponde à remuneração do risco adicional envolvido no empréstimo dado a quem oferece garantias insuficientes.
Por outro lado, numerosos créditos são concedidos a taxas variáveis. No caso dos créditos subprime, a taxa inicial pode ser atraente (teaser rate), ou seja, inferior à taxa fixa de um empréstimo normal.
Para os credores, os empréstimos subprime eram considerados como individualmente arriscados - mas, coletivamente, seguros e rentáveis. A estimativa de rentabilidade baseava-se em uma hipótese de alta regular do preço dos imóveis, o que vinha acontecendo nos Estados Unidos, desde 1945. Assim, se um devedor se tornasse inadimplente, era sempre possível revender a propriedade com lucro.
Créditos "ninja" : Ninja é um tipo de subprime - um crédito concedido a tomadores que não podem comprovar renda, nem emprego e nem a propriedade de ativos (No Income, No Job, (and) no Assets). A expressão foi cunhada pela HCL Finance, uma financeira da Califórnia, especializada em conceder empréstimos com documentação mínima, isto é, sem exigência de comprovação de renda, emprego ou depósitos bancários. "Ninja" era o nome de um dos seus produtos financeiros.
A FCL ganhou destaque especialmente durante a bolha imobiliária nos Estados Unidos, nos anos 2000, e ficou mais conhecida após a deflagração da crise do subprime, entre julho e agosto de 2007, como o principal exemplo de práticas desastrosas na concessão de empréstimos O uso do termo "ninja" foi assim incorporado ao jargão do mercado, já durante a crise financeira de 2008.
Por significarem um risco maior, esses tomadores também pagavam juros mais altos.
"O mercado se inundou de papéis lastreados naquelas operações que as pessoas de baixa renda financiaram", explica Tharcísio Santos, diretor do FAAP MBA.
Na medida em que o mercado foi se aquecendo, os imóveis foram se valorizando e abrindo aos mutuários mais uma possibilidade: o "financiamento da diferença". Assim, um americano que tivesse financiado um imóvel de US$ 200 mil, cujo valor de mercado tivesse aumentado para US$ 300 mil, poderia tomar mais US$ 100 mil emprestados, dando como garantia a mesma casa. Com esses recursos adicionais, os clientes ninja podiam não só pagar suas prestações como também consumir mais. Esse sistema funcionava bem pois desde o pós-guerra o valor dos imóveis vinha subindo continuamente.
Mas com o aumento da taxa de juros de curto prazo de 1% para mais de 5% e depois, para valores que se aproximavam de 10%, muita gente deixou de pagar as prestações. Houve inadimplência em massa dos clientes mais frágeis. Em 2007, quase três milhões de famílias americanas estavam em situação de inadimplência.
A tentativa dos clientes, como último recurso, de se desfazerem, simultaneamente, de suas casas no mercado, pressionou para baixo os preços de todos os imóveis nos Estados Unidos, inclusive aqueles que estavam sendo financiados a taxas prime. Com o excesso de oferta, o preço dos imóveis entrou em queda livre.
As pessoas começaram a entregar os imóveis às empresas de financiamento. Muita gente devia mais do que o valor da casa. Na hora em que o mercado como um todo se reduziu, todas as operações feitas com imóveis como garantia ficaram a descoberto, explica Carlos Stempniewski, professor das Faculdades Integradas Rio Branco.
Afinal as financiadoras ficaram com os imóveis – agora, com seu valor aviltado – e sem o dinheiro; portanto, sem recursos para honrar os títulos que haviam emitido. Isso acabou por provocar a consequente falência de financeiras e, em efeito dominó, de instituições maiores.
De repente, essa roda da fortuna parou. Com esses títulos espalhados, a pessoa ia resgatar um fundo, o seguro, a aposentadoria e não tinha dinheiro, diz Stempniewski . As empresas resolveram ir ao mercado vender ações para fazer dinheiro. E isso jogou a crise para cima dos mercados de todo mundo.
É conveniente ressaltar o papel que tiveram, nesta crise, as agências de classificação de risco (tais como Standard & Poor's, Fitch e Moody's) ao considerarem como dinheiro sonante os dados informados pelos criadores de títulos financeiros derivados de subprimes, e classificando alguns derivativos como AAA (o melhor nível de confiança!) quando eram apenas títulos podres" (por exemplo - classificaram com AAA os Lehman Brothers, poucas semanas antes de falirem).
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Subprime
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Eat an apple a day, it's good for you
Estive a ler o teu post, e realmente depois de procurar não encontrei uma forma fácil de por um podcast reader no blog. Até encontrarmos uma forma de o fazer, venho por este meio insistir que dês uma oportunidade ao iTunes. Para ser mais fácil, deixo aqui o guia para teres o podcast da Caderneta de Cromos no teu computador. Vai ao teu mail, e vais ver que te enviei o link para o .exe do iTunes para Windows (está gratuitamente disponível na página da Apple). Depois de o instalares, faz o seguinte:



1. Vai á tab da esquerda e clica em iTunes Store.
2. Procura Caderneta de Cromos
3. Clica em Subscribe (é de borla)
Já está! Segundo passo:

4. Vais à tab Podcast e vês que tens lá a caderneta de cromos.
5. Clicas em Settings e escolhes quando queres fazer o download, e
quantos queres guardar em disco.
Eu tenho programado para procurar todos as horas e para guardar os cromos que ele descarregou. Assim que tenho internet e há novos cromos, o iTunes descarrega automaticamente os últimos sem eu ter que fazer nada. Fixe, né? Se quiseres ouvir os mais antigos, faz o seguinte:
6. O iTunes mostra em lista todos as cromos, e a cinzento claro os que não tens. Clica 'Get' se quiseres tirar esse cromo.
Vá, não negues a partida um software que não conheces... Nunca te julguei quadrada, por isso don't prove me wrong...
Beijinhos
sábado, 13 de novembro de 2010
Information blackout

Mas uma coisa é certa: diáriamente e de forma quase religiosa, visito este blog, mesmo que não tenha tempo para escrever nem umas linhas. Por isso, seguindo esta lógica, pensei que este nosso espaço podia ser uma forma de me actualizar em poucos minutos. Vais perceber que adicionei mini-aplicacões: a Visão, a Vanguardia, o Finantial Times, o Courier Internacional, o Inimigo Publico e até um jornal novo em que o pai anda viciadissímo (chamado "i").
Vamos lá ver se resulta.Burning Brigdes, part 1.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Just remember the telephones, well, they're working in both ways
Para relaxares entre bancos, uma música antiga que não consigo parar de ouvir...
You and I both, Jason Mraz
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Building bridges is my part-time job
Pois, eu sei. Eu percebo que não seja o distanciar-te das pessoas, mas o distanciar-te do teu trabalho.
Só te posso dizer o que aconteceu comigo e o que ainda acontece, queres?
Na empresa isso acontecia-me nos primeiros meses recorrentemente. Se havia uma experiência que iria correr durante a noite, era certo e sabido que eu não conseguia desligar. Pus bem os parâmetros? Tinha memória suficiente? Os motores desligam depois? Se não ficasse bem feita no próximo dia teria que encarar colegas e perder tempo a refazer tudo, numa empresa onde tempo era essencial. Quando não era isso, era se tinha desligado a experiência ou se os mecanismos de segurança estavam ligados. Tinha pesadelos que no outro dia iria lá chegar e um curto-circuito tinha provocado um incêndio.
Passados uns meses entrei noutro estado. Chamei-lhe 'driving a car state'. Fazia as coisas em piloto automático e não me lembrava dos pormenores. Mas aprendi a confiar nos meus instintos. Se não me lembrava do que tinha feito, era porque estava bem feito. Mas quando havia alguma coisa a chatear-me, um detalhe que não me saia da cabeça mesmo que eu não soubesse bem bem porque, the money shot was that something was in fact wrong.
Só te posso dizer o que aconteceu comigo e o que ainda acontece, queres?
Na empresa isso acontecia-me nos primeiros meses recorrentemente. Se havia uma experiência que iria correr durante a noite, era certo e sabido que eu não conseguia desligar. Pus bem os parâmetros? Tinha memória suficiente? Os motores desligam depois? Se não ficasse bem feita no próximo dia teria que encarar colegas e perder tempo a refazer tudo, numa empresa onde tempo era essencial. Quando não era isso, era se tinha desligado a experiência ou se os mecanismos de segurança estavam ligados. Tinha pesadelos que no outro dia iria lá chegar e um curto-circuito tinha provocado um incêndio.
Passados uns meses entrei noutro estado. Chamei-lhe 'driving a car state'. Fazia as coisas em piloto automático e não me lembrava dos pormenores. Mas aprendi a confiar nos meus instintos. Se não me lembrava do que tinha feito, era porque estava bem feito. Mas quando havia alguma coisa a chatear-me, um detalhe que não me saia da cabeça mesmo que eu não soubesse bem bem porque, the money shot was that something was in fact wrong.
Enquanto não confiares nos teus instintos, o filtro que usas vai ser pouco ou nenhum. E o sentimento de alerta provocado por ele não serve propósito, a não ser o de sono perdido. Não estou a tentar comparar as consequências, sei que no teu caso há muito mais em jogo. Mas no fundo, no fundo, é um emprego e é como isso que tens de o encarar. Não é uma missão...
Acho que o que aconteceu comigo acontece com todos. Tu vais desligar-te do teu trabalho por uma questão de auto-preservação e quando entrares nesta fase, o teu sistema de alarme vai disparar apenas quando é necessário. E isto vai ser suficiente para dormires descansada.
Até lá que tal o BattleStar Galáctica (estou viciada)? Depois de duas seasons em 36 horas, acredita que já sonho com aquilo...
Beijinhos
Acho que o que aconteceu comigo acontece com todos. Tu vais desligar-te do teu trabalho por uma questão de auto-preservação e quando entrares nesta fase, o teu sistema de alarme vai disparar apenas quando é necessário. E isto vai ser suficiente para dormires descansada.
Até lá que tal o BattleStar Galáctica (estou viciada)? Depois de duas seasons em 36 horas, acredita que já sonho com aquilo...
Beijinhos
sábado, 6 de novembro de 2010
Burning Bridges
Este é um titulo de uma canção unrealeased de Jason Mraz, disponivel no Spotify. Esta é (parte) da letra:
"I know exactly how you feel
You were this close to closing deals
When everything fell from out your hands
You were forced to decide on other plans now
You figured it best to just ignore it
Otherwise you're only living for it
And if anyone ever wondered why you did it
You'd swear they never knew you sold your soul to the
Burning, burning, burning, burning bridges
Burning, burning which is
Nothing more than a longing for being uninvolved
Uninvolved
Uninvolved
Uninvolved
Oh, desire can cause heart attacks
Oh, desire can cause heart attacks
Oh, desire can cause heart attacks
Oh, desire, it won't bring you back"
Porque te conto isto? Porque estou na fase onde preciso de queimar algumas pontes, distanciar-me ou, por outras palavras, being uninvolved. Nas últimas semanas trabalho das 8 às 20h (e pelos vistos não demasiado bem), tenho bancos dia sim dia não e, nos dias em que libero o banco, passo o dia a ter pesadelos com os doentes que vi.
Se falo com alguém disto, os mais novos estão (quase) tão queimados como eu, os mais velhos dizem-me que aprenderei a ignorar. Sei o que diz o clichet, e não é bem bem o mesmo caso: não é que não consiga distanciar-me dos doentes, porque consigo, não consigo é distanciar-me da responsabilidade que tenho para com eles: o antibótico que prescrevi, a prova que não me lembro se saiu bem, o detalhe que me passou ao lado. E durante o sono, que devia ser reparador, tudo isto assume proporções fantasmagóricas, e acordo sobressaltada. Os dias têm sido dificeis, as noites pior. E as olheiras debaixo dos meus olhos vão-se acumulando.
So...I need to burn some bridges... alguma sugestão?
"I know exactly how you feel
You were this close to closing deals
When everything fell from out your hands
You were forced to decide on other plans now
You figured it best to just ignore it
Otherwise you're only living for it
And if anyone ever wondered why you did it
You'd swear they never knew you sold your soul to the
Burning, burning, burning, burning bridges
Burning, burning which is
Nothing more than a longing for being uninvolved
Uninvolved
Uninvolved
Uninvolved
Oh, desire can cause heart attacks
Oh, desire can cause heart attacks
Oh, desire can cause heart attacks
Oh, desire, it won't bring you back"
Porque te conto isto? Porque estou na fase onde preciso de queimar algumas pontes, distanciar-me ou, por outras palavras, being uninvolved. Nas últimas semanas trabalho das 8 às 20h (e pelos vistos não demasiado bem), tenho bancos dia sim dia não e, nos dias em que libero o banco, passo o dia a ter pesadelos com os doentes que vi.
Se falo com alguém disto, os mais novos estão (quase) tão queimados como eu, os mais velhos dizem-me que aprenderei a ignorar. Sei o que diz o clichet, e não é bem bem o mesmo caso: não é que não consiga distanciar-me dos doentes, porque consigo, não consigo é distanciar-me da responsabilidade que tenho para com eles: o antibótico que prescrevi, a prova que não me lembro se saiu bem, o detalhe que me passou ao lado. E durante o sono, que devia ser reparador, tudo isto assume proporções fantasmagóricas, e acordo sobressaltada. Os dias têm sido dificeis, as noites pior. E as olheiras debaixo dos meus olhos vão-se acumulando.
So...I need to burn some bridges... alguma sugestão?
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